terça-feira, 8 de março de 2011

POST-05-TRECHO DA ENTREVISTA DO AFRIKA BAMBAATAA QUANDO VEIO AO BRASIL EM 2007

O CRIADOR DO HIP HOP CONCEDEU ESTA ENTREVISTA AO PORTAL BOCADA FORTE EM 2007 QUANDO VISITOU O BRASIL.
http://centralhiphop.uol.com.br/site/?url=materias_detalhes.php&id=543

Afrika Bambaataa



Data: 11/05/2007




Enquanto o maior representante da igreja católica chegava ao Brasil para uma curta visita, o "Papa do Hip-Hop", Afrika Bambaataa, já andava por terras brasileiras, promovendo a mensagem da Universal Zulu Nation, da cultura Hip-Hop, da paz, da união e, principalmente, da diversão. São mais de 30 anos de Cultura Hip-Hop. De lá pra cá muita coisa se passou. Afrika Bambaataa, 50 anos, viu o que antes era um simples "movimento" virar uma cultura global e sua voz ser escutada e respeitada no mundo todo. Com apresentação marcada para o Skol Beats 2007, no Anhembi (confira a galeria de fotos), Bambaataa trouxe consigo seu filho, o MC TC Izlam, King Kamonz, DJ Soul Slinguer e toda sua energia positiva.






Num encontro descontraído com o Portal Bocada Forte e a jornalista Cinthia, da Zulu Nation Brasil, no hotel onde se encontrava hospedado, Bambaataa falou sobre como vê o mundo hoje e suas preocupações, espiritualidade, a música Rap e, claro, Cultura Hip-Hop.






Bocada Forte: Nós ouvimos você comentar de sua preocupação com a violência no Brasil... Afinal, o que vem fazendo Bambaataa se preocupar e refletir nos dias de hoje, além da violência?






Afrika Bambaataa: O grande problema no mundo hoje é o acesso ao conhecimento, a educação. Também a questão do racismo e do poder branco, da "supremacia branca". Muitos dos meus irmãos e irmãs do Brasil precisam esforçar-se para aumentar seu conhecimento sobre si mesmos e os outros. Por exemplo... Isso significa, que aqueles que se chamam pretos brasileiros precisam saber que seus ancestrais não vieram ao Brasil somente em navios negreiros, como escravos. Vocês são os herdeiros de um povo que estava aqui muito antes desta terra ser chamada Brasil, ou América Latina, ou América Central ou do Norte. Seus ancestrais aqui viviam, assim como os Maias, Astecas e tantos outros povos. É preciso que a juventude passe a estudar, conhecer e a debater como era o Brasil antes de ele ser chamado Brasil. É preciso buscar as reais origens, não somente de quando os europeus por aqui chegaram.






Quando você se aprofunda no estudo das raízes da história você fica sabendo quem estava aqui muito antes de Colombo pisar aqui. No filme feito por Mel Gibson, chamado "Apocalíptico", por exemplo, você não vê uma representação dos Maias com pele clara, fantasiosa. Vê homens com chapéus quadrados, cabelos rasta, com locks, pele mais escura, exatamente como realmente se pareciam as pessoas daquela época. Essa é uma representação baseada em estudos. Outro exemplo: você sabe da história de Zumbi? Você pode encontrar muita coisa nos computadores, na Internet sobre ele, mas muito poucos livros. As pessoas recebem a informação de que a cultura do povo preto começou com a escravidão, mas isso não é verdade. Assim, nós precisamos matar o racismo e mostrar a todos que pretos, marrons, vermelhos, amarelos, brancos somos todos seres humanos.






Verdadeiramente, não existe uma terra chamada "terra dos pretos", "terra dos marrons", "terra dos brancos", "terra dos vermelhos". Isso tudo é uma cultura de supremacia branca. A real questão é onde você nasceu, o seu berço, qual sua nacionalidade, de onde você veio. Daí se percebe que a real luta é a luta contra a violência entre os povos. A luta é cidade à cidade, favela à favela, rua à rua, nas esquinas. Cada um fazendo sua parte, dando o melhor de si. Buscando o conhecimento de si mesmo e da vida podemos vencer e realmente libertar-nos.









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